Camões
Camões, grande Camões...
Não sei se foste o maior poeta português.
Não sei se foste o poeta mais infeliz.
Sei que tem havido neste país, de letras lusitanas, muitos bons poetas e muitos grandes infelizes (alguns também poetas).
Mas sei que foste escolhido como padrão simbólico da raça nacional e isso coloca-te na elevação máxima da poesia portuguesa.
Eu, por mim, reconheço que tens, nos teus poemas, a tal sintonia musical que tanto adoro...
Se tivesse tempo para te homenagear fa-lo-ia em verso.
Aqui vai a tentativa.
O Retrato de Camões
Embora por caminhos controversos
Essa sabedoria de fio d' água
transformou-se em oceano.
Houve planícies e montes tão diversos
Que encheram o teu ser de grande mágoa
E levaram o teu rumo a todo o pano.
E essa vida errante
Aumentou-te conhecimentos
Que te fizeram glorioso e humano...
Oh poeta de contrastes,
Épico e amoroso,
Bem ufano
Entre as damas de cordel e do paço,
Das brigas arruaceiras sem cansaço,
Do espírito tirano.
Só que o teu valor sobrepujou
Todos os acidentes
Nesse teu viver insano.
[Fernando Barão, in "Escapes de uma Vida"]
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