domingo, 28 de abril de 2024

100 Poemas de Fernando Barão (6)


Amor
  
Quando oiço a tua voz enfraquecida
Olhando para o chão
Fico a relembrar
Tudo quanto eras querida.
 
Quando volteavas no ar
Ao som da música apetecida
E eu era o teu par.
 
Hoje dançamos doutra maneira,
Na corda bamba da velhice,
Com o anátema da canseira.
 
Mas tu, ainda és tu,
E eu, ainda sou eu.
Dêmos graças a Deus
P’lo destino que nos guiou,
Pois não sei,
Se debaixo destes céus,
Houve quem mais amou.
 
[Fernando Barão, in “Escapes de uma Vida”]


(Fotografia do Arquivo da família de Fernando Barão)

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Um Poema de homenagem ao Fotógrafo...

 


O Fotógrafo da Névoa

Quando ouve a ronca do Farol
sente que o chamam no cais
para tirar retratos sem Sol
de belas paisagens fluviais
 
Prepara tudo com cuidado
a “kodak” é uma caixa de surpresas
que às vezes o deixa abismado
por o deixar fixar tantas belezas
 
A sua Isabel fica ao balção
e ele lá vai, atrás do nevoeiro
movido pela sua outra paixão.
 
Quem o olha, ali rente ao rio
ignora aquele artista de corpo inteiro
capaz de arrancar beleza até do vazio.
 
 [Luís Alves Milheiro, in "Ginjal 1940 (1º Volume)"]


(Fotografia de Luís Eme)

sábado, 20 de abril de 2024

Fernando Barão: fotógrafo


Nota: Pequena biografia do fotógrafo Fernando Barão, que consta no catálogo da 1.ª Exposição Anual da SCALA na Oficina da Cultura de Almada, em 1995.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

100 poemas de Fernando Barão (5)

 

Farol de Cacilhas

Lembro o seu pragmatismo nas manhãs de nevoeiro
a caminho do liceu
havia ali uma luz cintilante e um sinal sonoro
que inspiravam força ao navegante
e tornavam a travessia confiante.
Um dia foi-se. Por quê, para onde?
Talvez para os confins do desconhecido.
A recordação, a saudade, fundamentavam-se
na indecoração das novas tecnologias.
Talvez por isso o seu lugar vazio
ainda atrai à vista.

[Fernando Barão, in "Margem Sul"]

(Fotografia de Luís Eme)

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Os "Problemas do Concelho de Almada" do Fernando


Fernando Barão assinou várias crónicas temáticas, ao longo dos vários anos em que foi colaborador do "Jornal de Almada".

Uma das mais populares e pertinentes teve como título, "Problemas do Concelho de Almada" (também tinha uma vertente mais positiva, "Virtudes do Concelho de Almada", com bem menos crónicas...) e foi publicada semanalmente, desde o final da década de sessenta até ao começo dos anos setenta do século passado.

Algumas das questões e dos problemas levantados pelo Fernando não só mantêm a actualidade, como se agravaram, cinquenta e alguns anos depois, como este pequeno texto que transcrevemos, publicado a 15 de Fevereiro de 1969:

«Como dizia um célebre químico em palavras tão sensatas que lhe valeram uma lei, das principais que nos ensinam nos bancos do ensino secundário: “Na Natureza nada se cria nem nada se perde, tudo se transforma”. E é assim infalivelmente. Bastante se tem transformado a Humanidade! É certo que se têm criado melhores condições de vida, mais conforto, melhores possibilidades de distracção. Enchem-se estádios – embora com percepção pouco clara – e basta carregar um botão para termos um espectáculo nas nossas casas. Em contrapartida, perde-se ou desagrega-se a vontade colectiva, o espírito de associação, o gosto pela leitura séria, pela Música, pelo Teatro, pelo puro diletantismo fazendo-se tudo pela força do dinheiro, com um esforço de elevar cada vez mais o nosso “ego”, fazendo reinar a sobranceria, a vaidade, o despotismo e quando a responsabilidade toca à porta, o dar de ombros, é a resposta mais adequada.»

Nota: Apesar de já termos ouvido uma outra versão, foram estas crónicas, lidas semanalmente pelo novo presidente do Município, Silveira Júnior, que o levaram a lançar o convite-desafio ao Fernando, para fazer parte da vereação da Câmara Municipal de Almada, no Verão de 1970.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, 3 de abril de 2024

100 Poemas de Fernando Barão (4)

 


Nas Asas do Sonho
 
Esta gaivota do Tejo
visiona-me a palavra LIBERDADE.
A “alguns” homens os peitos enchem-se de ar
da força viva que nos poderá oferecer continuidade.
E respirar é viver…
Brotará de novo o amor…
Assim todo o mundo estará predisposto
em alcançar o almejado caminho que conduz
ao zénite do porvir de um mundo novo…
 
[Fernando Barão, in "Escapes de uma Vida]

(Fotografia de Aníbal Sequeira)


100 Poemas de Fernando Barão (6)

Amor     Quando oiço a tua voz enfraquecida Olhando para o chão Fico a relembrar Tudo quanto eras querida.   Quando volteavas no ar Ao som d...