quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

"Ter a mesma 'ideologia cultural'..."


«Estou a preparar uma intervenção, de homenagem a um amigo. Quero fazer algo diferente, quero conseguir transmitir a imagem de alguém para quem a cultura era o motor de quase tudo na vida. E por conhecer as nossas muitas limitações, foi sempre um "farol cultural".

Ele acreditava no que Vergílio Ferreira escrevera um dia (e antes dele outros...), que "A Cultura só se aprecia, depois de se ser culto". Foi por isso que deu muitas "aulas" de cultura, nas muitas colectividades que passou durante a sua longa vida, com pequenos ensinamentos e exemplos retirados no nosso dia-a-dia, oferecendo pequenas pistas de livros que se deviam ler. 

Tinha uma grande bagagem cultural porque gostava de tudo, de literatura (de ler, escrever e contar...), de teatro (de ver, de escrever e de fazer...), de cinema (aqui era mais ver...), de música (mesmo sem ser um afinadinho gostava de cantar - fez parte de um grupo de canto coral - e de tocar a sua harmónica), e de fotografia (chegou a ser premiado em salões de fotografia...).

E tinha uma coisa muito importante, fugia da "cultura chata", aquela que podia dar sono ou fazer com que as pessoas estivessem nos sítios sem lá estar. Tinha a percepção de que que o começo de tudo devia ser agradável, desde os livros até ao teatro ou cinema. Não se podia começar pelas obras mais difíceis de entender, que mais nos obrigavam a pensar. Essas ficavam para depois de se gostar...

Acho que fomos grandes amigos por partilharmos a mesma "ideologia" cultural e gostarmos de espalhar e partilhar as coisas boas de que gostávamos...»

(Fotografia de Elsa Carvalho - Cacilhas)

(Texto publicado inicialmente no "Largo da Memória")


terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

"Recordar Fernando Barão por Luís Milheiro (com revisitação da obra por Edite Condeixa)"


Fernando Barão será recordado e homenageado na tarde de 29 de Fevereiro, na USALMA, por Luís Milheiro, Edite Condeixa, por alguns alunos desta Universidade Senior e por vários amigos e familiares, que não irão faltar a mais esta iniciativa cultural neste ano do Centenário do nascimento de Fernando Barão.


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

"Fernando Barão em 100 Imagens"


A exposição que esteve patente na SCALA vai transitar para a Sala Multiusos da USALMA, a pedido desta instituição de ensino senior, a partir de segunda-feira, que também irá homenagear e recordar Fernando Barão.

Recebeu um título diferente, para não ficar tão vinculada à SCALA, mas as imagens são as mesmas que estiveram na Sede/ Galeria desta Associação Cultural Almadense.


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Tudo começou no Ginásio Clube do Sul...


O Ginásio Clube do Sul tinha sido fundado menos de quatro anos antes do nascimento do Fernando Barão. Por múltiplas razões, inclusive a sua localização geográfica, em pouco tempo tornou-se a grande referência, associativa e desportiva, de Cacilhas.

Fernando Barão começou por ser atleta do Clube. Fez ginástica desportiva e atletismo (treinado pelo seu melhor amigo, Henrique Mota, companheiro de tantas aventuras associativas, desportivas e culturais...).

Depois foi muitas coisas... dirigente, com múltiplos cargos, ocupando também os seus cargos máximos, como Presidente de Direcção e Presidente da Mesa da Assembleia Geral, em vários mandatos.

Graças à sua criatividade e ao seu espírito de iniciativa foi o promotor de muitas actividades culturais ao longo dos anos. Talvez a mais relevante tenha sido a sua participação nas comemorações do cinquentenário do Ginásio, com a organização do "1.º Encontro das Colectividades Populares de Almada" e do colóquio, "Problemas da Juventude", que se realizou em 1970 e chamou a atenção da PIDE/ DGS, para não variar...

Toda esta vivência ginasista (e conhecimento), fez com que escrevesse em parceria com o seu amigo de sempre, Henrique Mota, a história do Ginásio Clube do Sul, nas comemorações dos 75 anos da vida da Colectividade Cacilhense. Livro que seria intitulado, "Ginásio Clube do Sul - 75 anos de Glória".

Foi também o ideólogo do "Prémio Literário Henrique Mota", na vertente do conto desportivo, em homenagem ao seu grande amigo, um ano depois deste nos ter deixado, que seria organizado pelo Ginásio Clube do Sul e pela SCALA - Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada.

Como recompensa de toda esta dedicação foi premiado com os Diplomas de Sócio de Mérito e de Sócio Honorário e também com o "Prémio Ginasista", sendo hoje uma das grandes figuras da história da Colectividade Cacilhense.

(Fotografia de Álvaro Costa)


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

O Fernando, estudante e comerciante


Fernando Barão por ser filho único de um comerciante de Cacilhas, foi uma criança privilegiada, que felizmente pode continuar a estudar, depois de concluir o ensino primário.

Com a ausência de qualquer estabelecimento de ensino secundário (mesmo particular...) no Concelho de Almada, nos anos 1930 e 1940 (só na segunda metade dos anos 1950 é que surgiu o "Colégio do Gato" e mais tarde o "Externato Frei Luís de Sousa"...), Fernando Barão matriculou-se no Liceu Passos Manuel, onde fez o ensino liceal.

A sua paixão pela natureza e pelos animais fez com que a sua opção universitária fosse o curso de ciências veterinárias. A quase ausência de saídas profissionais (a via militar era quase a única possibilidade...) e alguma desilusão com o curso, fez com que desistisse e arranjasse emprego na função pública.

Quem não ia achando grande piada a estas escolhas profissionais era o mestre relojoeiro e ourives, António Severino, seu pai, que o desafiara mais que uma vez a trabalhar a seu lado no estabelecimento de Cacilhas (até por ser o único herdeiro...). Ao fim de muitas tentativas lá conseguiu convencer o filho, que não só se tornou o grande companheiro do pai como acabaria por herdar o negócio, mantendo a relojoaria e ourivesaria aberta até se reformar, no começo da Cândido dos Reis...

Apesar de pequena, a loja estava sempre cheia de amigos. Era local de passagem de associativistas, campistas, caçadores, pescadores e outros contadores de histórias, que paravam sempre por ali, nem que fosse por cinco minutos, para ouvirem ou partilharem qualquer história ou anedota, o que acabava por lhes abrir o sorriso e dar ânimo para o resto da viagem, graças ao "Barão de Cacilhas"...


100 Poemas de Fernando Barão (6)

Amor     Quando oiço a tua voz enfraquecida Olhando para o chão Fico a relembrar Tudo quanto eras querida.   Quando volteavas no ar Ao som d...