Uma das mais populares e pertinentes teve como título, "Problemas do Concelho de Almada" (também tinha uma vertente mais positiva, "Virtudes do Concelho de Almada", com bem menos crónicas...) e foi publicada semanalmente, desde o final da década de sessenta até ao começo dos anos setenta do século passado.
Algumas das questões e dos problemas levantados pelo Fernando não só mantêm a actualidade, como se agravaram, cinquenta e alguns anos depois, como este pequeno texto que transcrevemos, publicado a 15 de Fevereiro de 1969:
«Como dizia um célebre químico em palavras tão sensatas que lhe valeram uma lei, das principais que nos ensinam nos bancos do ensino secundário: “Na Natureza nada se cria nem nada se perde, tudo se transforma”. E é assim infalivelmente. Bastante se tem transformado a Humanidade! É certo que se têm criado melhores condições de vida, mais conforto, melhores possibilidades de distracção. Enchem-se estádios – embora com percepção pouco clara – e basta carregar um botão para termos um espectáculo nas nossas casas. Em contrapartida, perde-se ou desagrega-se a vontade colectiva, o espírito de associação, o gosto pela leitura séria, pela Música, pelo Teatro, pelo puro diletantismo fazendo-se tudo pela força do dinheiro, com um esforço de elevar cada vez mais o nosso “ego”, fazendo reinar a sobranceria, a vaidade, o despotismo e quando a responsabilidade toca à porta, o dar de ombros, é a resposta mais adequada.»
Nota: Apesar de já termos ouvido uma outra versão, foram estas crónicas, lidas semanalmente pelo novo presidente do Município, Silveira Júnior, que o levaram a lançar o convite-desafio ao Fernando, para fazer parte da vereação da Câmara Municipal de Almada, no Verão de 1970.
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
Sem comentários:
Enviar um comentário